domingo, 4 de setembro de 2016

Uma visita à Feira do Livro de Porto - 2016



Ontem, com um tempo magnifico, lá me dirigi à cidade do Porto, mais especificamente aos jardins do Palácio de Cristal, para  visitar a terceira edição da (nova) Feira do Livro do Porto (depois do "divórcio" com a APEL). Na sexta-feira a cerimónia de abertura oficial  foi presidida pelo Presidente da República, que no dia anterior tinha aberto a sua própria feira nos jardins do Palácio de Belém (organizada pela APEL, a mesma que não vai ao Porto por falta de dinheiro, mas como PR é amigo do presidente da APEL parece já não haver problema, pois...), numa espécie de concorrência mediática em que até o nome do local é quase igual. 

Com tão bom tempo a viagem correu bem, tirando os habituais "coisos" (para não usar um termo mais forte) que gostam de ir na faixa do meio na auto-estrada, e algum trânsito já na cidade do Porto (e já estou a ouvir a malta daí a dizer "Se achas que isso ontem era muito trânsito..."). Ao chegar aos jardins do Palácio de Cristal e já mentalizado de que  encontrar  estacionamento iria ser uma dor de cabeça tive uma sorte do "caraças": encontrei logo estacionamento (estava uma carro a sair), quase ao pé do portão da entrada num ruazinha lateral, e assim estava dado o mote para uma boa tarde rodeado por livros.

Sem mais demoras dirigi-me à avenida das Tílias (para os que não conhecem, e eu era um deles, o jardim do Palácio de Cristal tem avenidas) onde estão montadas as barracas, ou stands se preferirem mais este termo, e foi também aqui que começou a minha "luta" com as mesmas. Ora apesar de o chão da avenida das Tílias ser relativamente plano, alguém achou por bem montar as barracas em andas com pelo menos dois palmos de altura. Já estou a ver a reunião para se decidir estas coisas e alguém a dizer "É pá pode chover muito  e o melhor é colocar as barracas a pelo menos um palmo do chão" muitas cabeças a anuir em concordância e algum gajo ou gaja, que nisto da estupidez não há discriminação, dizer "Um palmo? Não será melhor dois, pelo menos? Antes prevenir que remediar!" sendo de seguida aclamado, levado em braços e promovido.
Portanto quem quer ver os livros expostos nas laterais das barracas tem de ter pelo menos um metro e noventa, vá lá dois só para não ter de se colocar em bicos de pés. Bem talvez, mas só talvez, esteja a exagerar um pouco, mas não é nada fácil, mesmo em bicos de pés e em cento e trinta e um expositor só encontrei um que se deu ao trabalho de colocar uma palete a facilitar. Outro problema é o passadiço em frente dos stands, muito alto (claro) e curto. É quase preciso ir ao Chapitô tirar um curso de equilibrista. Se alguém estivesse a ver os livros, e eu sei que isto parece estranho numa feira do livro, mas era inevitavelmente sempre o caso, e pior de mochila às costas e quem quiser passar tinha de andar praticamente como se anda no arame, ou então saltar, literalmente, para o chão, arriscar partir uma perna ou pelo menos fazer um entorse e, sorte das sortes, se isso não acontecer voltar a escalar o passadiço. Outro problema é em algumas barracas o passadiço não estar unido à mesma, resultado um buraco e um abismo. Tropecei numa destas armadilhas para pessoas que só tem olhos para os livros, mas não se preocupem não cai e ninguém me viu, tirando as pessoas à minha volta. A não existência do passadiço entre algumas barracas foi outra coisa engraçada, mas para quem estava a ver  e a filmar, principalmente quando eu quase cai. Foi algo assim, chão, chão, chão e de repente, o chão desapareceu misteriosamente sob os meus pés. Convém dizer nesta altura que quando eu estou a ver livros "desligo" do mundo em volta e entro em "piloto automático", a minha atenção é em exclusivo para os livros.  Mas chega de falar da (falta) de cooperação da malta da barraca de arquitectura e  falemos dos livros.




Comecei na ponta norte da feira a minha caça aos livros, de preferência com uma boa promoção. Foi percorrendo as barracas de editoras mais ou menos conhecidas, de alfarrabistas que dão vontade de revisitar e de livrarias grandes e pequenas. Tentei ser o mais metódico possível na minha visita, comecei no lado Oeste em direcção a Sul e vim no lado Este em direcção a Norte. Houve apenas uma razão para quebrar esta regra auto-imposta: a  Saída de Emergência (SdE). A barraca da SdE ficava sensivelmente a meio da avenida e do lado oposto em que eu me movimentava. Sujeitei-me a partir uma perna, a fazer uma entorse ou um mortal encarpado à retaguarda e lá atravessei a avenida para ver o que é que lá tinha de "coisinhas" boas. Já sabia que as promoções da campanha 2=3 eram, vá lá, mazinhas, do que estava disponível ou já tinha ou não me interessava minimamente e já na página do Facebook da SdE tinha deixado um comentário nesse sentido. Mas não vim de mãos a abanar e trouxe "O Mago - As Trevas de Sethanon" do Raymond E. Feist, "Regresso do Assassino - vol. 5 - Os Dragões do Assassino" da Robin Hobb e como oferta, mas que estava a cinco euros, mas que eles deixavam fazer a troca com a limitada lista do 2=3, "Batalha" do David Soares. Sinceramente esperava mais escolha em todos os aspectos. Na feira do livro de Braga pareceu-me que havia mais, ou então estavam lá mais livros na minha lista de "Quero, quero, quero".

Feito o desvio lá continuei a viagem por aquele mar de livros e pessoas. Apesar de estar totalmente concentrado nos livros não deixei de reparar que haviam pessoas a dar autógrafos principalmente um tipo chamada Gustavo Santos. Como não podia deixar de ser pensei logo no Rui Bastos, visto saber que este é um herói seu. Ainda estive para comprar um livro do tipo que encontrei num alfarrabista por €2,50 (se não me engano), mas o Gustavo já tinha ido salvar mais uma casa de cortinados feios e uma pintura de mil novecentos e setenta e seis. Desculpa Rui, mas fica a minha solene promessa de que para a próxima eu trago-te um livro autografado com uma dedicatória e uma lição de vida numa frase com trinta e sete caracteres ou menos.

O (quase) resto das minhas compras foram feitas em alfarrabistas que, apesar dos meus melhores esforços, não explorei tão a fundo como gostaria.

Gostava de ter comprado mais alguns livros de Ficção Científica da Europa-América, que tinha a barraca na ponta sul, mas quer pelos da colecção Nébula, quer pelos da colecção de FC de bolso, eles estavam pedir praticamente o preço de editor. E daqui sai um conselho, gratuito para eles: parem de fumar isso ou então juntem mais tabaco, porque claramente vos está a fazer mal, porque se pensam que a malta vai pagar o preço de editor, menos uns pózinhos, por um livro com (quase) vinte anos estão muito enganados. E já agora, de nada.

Na barraca da Relógio D'Água ainda perguntei, depois de não o ver, se tinham "Será que os Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?" de Philip K. Dick, mas disseram que talvez lá para quarta-feira. Deu vontade dizer "Quarta-feira?! Mas vocês estão estúpidos? Eu quero o livro agora", mas o que disse foi "Obrigado". Caso se estejam a perguntar eu já tenho a edição da SdE de "O Homem do Castelo Alto" o que quer dizer que eu vou eventualmente comprar esta edição, mas apenas quando estiver a um preço mais "suave".

Na barraca da FNAC, que era pequenina, só havia conjuntos da Science4you e BD. Eu mal vi a BD fiquei logo a salivar, mas deu-me uma secura de boca quando me apercebi que já tinha tudo, tipo literalmente tudo, o que eles lá tinham. Que desilusão.

Chegado ao ponto de partida fui regressei à barraca da Antígona, onde na primeira passagem vi "Kallocaína" de Karin Boye, livro que já me tinha ficado debaixo de olho depois de ter lido a opinião da Cristina Alves no seu blog Rascunhos. E lá veio ele comigo, mas só porque me pareceu que ele se estava a rir para mim.


Foi uma tarde agradável, com algumas peripécias, como acima descrevi, mas que não me importava de repetir.

Para os que ainda não foram, mas estão a pensar ir relembro que a feira decorre até dia dezoito de Setembro, a abertura faz-se sempre às doze horas e prolonga-se até as vinte e uma horas de Domingo a Quinta sendo que às Sextas e Sábados o fecho é às vinte e três horas. Para mais informações podem consultar este link: Câmara Municipal do Porto - Feira do Livro.

Resta-me desejar boas leituras e boas compras.

2 comentários:

  1. Viva,

    Bem grande demanda, digna de Mordor :D

    Abraço e continua ;)

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    1. Olá Corvo

      Foi acima de tudo um dia bem passado, mas não devias comparar a Grande cidade do Porto com Mordor ;)

      Um abraço

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