sábado, 14 de março de 2015

Opinião - Revista Trasgo 5



Depois de uma ano e quatro números gratuitos, onde mostraram ao mundo o projecto que queriam desenvolver chega agora o quinto número que marca a fase seguinte no projecto Trasgo: a profissionalização. A revista deixa de ser gratuita e passa a ser paga para assim poderem remunerar todos os envolvidos pelo seu trabalho. Os preços variam conforme o local onde compram, se for na loja da Kobo (a única com o preço já em euros) o preço é de €2.03, se for na Amazon é de R$4.99 (cerca de €1.50), também podem comprar directamente ao Trasgo e até fazer uma assinatura anual, correspondente a quatro número custa R$18,00 (cerca de €5.50). A ideia de querer pagar aos envolvidos é nobre e eu concordo com ela, mas não são os primeiros a tenta-la e o problema é que no mercado brasileiro já existem algumas publicações do mesmo género, como a Somnium e a revista Bang Brasileira e ambas, são gratuitas, portanto quem irá pagar quando tem outras opções similares grátis? Um pergunta difícil, mas que tem de ser feita. Não conheço em detalhe o mercado brasileiro, mas do que conheço e se o mercado português servir de paralelo não posso dizer que esteja esperançoso. Apesar destas minhas reticencias o meu desejo é que o projecto triunfe nos moldes em que foi visionado, mas receio que a realidade não se coadune com os desejos dos homens. Pela minha parte aqui fica a minha ajuda em cativar alguns "clientes" com a minha opinião sobre o quinto número.


Contos:


Os Americanos Que Vieram do Céu de George dos Santos Pacheco - A ideia base deste conto, uma invasão extraterrestre, não é a mais original, mas gostei da tom geral que o autor deu à história. Achei que houveram algumas falhas de lógica aqui e ali e também no ritmo, mas nada que tivesse estragado o todo, pelo menos para mim.


O Preço da Cura de Roberta Spindler - Um conto curto com algumas ideias interessantes, mas que merecia ter sido melhor explorado e que no fim deixa a sensação de que é apenas o principio de algo maior.


O Prego de Batalha de A.Z. Cordenonsi - Ambientado num universo Steampunk este conto deve muito à opção de seu autor em o narrar recorrendo a vários pontos de vista. Sendo bem utilizada esta ferramenta narrativa consegue dar (muito) mais emoção a uma história, o que foi, definitivamente o caso. Apenas acho que faltou algo no final para ficar perfeito.


Um Convite Para o Jantar de Cláudio Villa - Um conto baseado numa lenda, mas mundano (sem fantasia) e também sem grande história que me despertasse a atenção. 


Isso É Tudo, Pessoal de Cesar Cardoso - Certamente que já viram um foto, seja de pessoas, animais ou objectos, feita de fotos mais pequenas. Ora é algo assim que temos neste conto que é formado por micro narrativas que nos dão uma imagem do que se passa neste universo onde a humanidade está no fim. Gostei da ideia, mas da execução já não posso dizer o mesmo, muito por culpa de um começo demasiado confuso  que irá desencorajar alguns leitores.


Canção Abissal de Priscila Barone - Um boa história de FC com um travo a contos de fadas, gostei.


Publicidade

Se nos números anteriores já se tinha visto alguma publicidade esta edição traz algumas novidades nesse campo com dois autores a publicitar os seus livros com a disponibilização dos prólogos dos mesmos. 

A Torre Acima do Véu (Prólogo) de Roberta Spindler - Um prólogo que me deixou muito curioso para o resto do livro, mas que, curiosamente (ou talvez não), também funciona bem como conto, um pouco ao contrario do outro conta que está nesta edição.


Le Chevalier e a Exposição Universal (Prólogo) de A. Z. Cordenonsi - Tal como o outro conto que o autor nesta edição também este livro se ambienta num universo Steampunk. Algumas ideias interessantes, mas só lendo mais (um pouco) para dizer melhor aferir a qualidade do mesmo.


Segue-se a habitual Galeria do artista Zakuro Aoyama e claro as entrevistas. Apenas destacaria a entrevista a George dos Santos Pacheco por partilhar comigo a opinião de que temos de começar criar uma Ficção Cientifica e Fantasia nossa, temos de deixar os nomes estrangeiros e os locais distantes e abraçar a nossa cultura como fonte de inspiração e o nosso "quintal" como palco das narrativas, enfim perder a vergonha da nossa identidade.


Reitero o meu desejo de que esta publicação prospere.

Podem encontrar a Revista Trasgo  neste link onde poderão encontrar os links para os vários locais onde ela se encontra disponível: TRASGO 05 – COMPRE O EBOOK